Hoje é...

O que você espera?

O que você espera?

sexta-feira, 29 de maio de 2009


Amor é um pássaro pousado no dedo
e tem achado de pousar suave nos meus dedos calejados
e cantar baixinho
bem baixinho
só pra eu ouvir

Rubem Alves

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Meu sonho

Parei as águas do meu sonho
para teu rosto se mirar.
Mas só a sombra dos meus olhos
ficou por cima, a procurar...
Os pássaros da madrugada
não têm coragem de cantar,
vendo o meu sonho interminável
e a esperança do meu olhar.
Procurei-te em vão pela terra,
perto do céu, por sobre o mar.
Se não chegas nem pelo sonho,
por que insisto em te imaginar?

Quando vierem fechar meus olhos,
talvez não se deixem fechar.
Talvez pensem que o tempo volta,
e que vens, se o tempo voltar.


Cecília Meireles

terça-feira, 26 de maio de 2009

Presente e futuro dos direitos do homem

Não se trata de saber quais e quantos são estes direitos, qual é a sua natureza e seu fundamento, se são direitos naturais ou históricos, absolutos ou relativos, mas sim qual é o modo mais seguro para garanti-los, para impedir que, apesar das solenes declarações, eles sejam continuamente violados (pag.25).


A liberdade e a igualdade dos homens não são um dado de fato, mas um ideal a perseguir; não são uma existência, mas um valor; não um ser, mas um dever ser (pag.29).
Mais uma vez, para além dos direitos do homem como indivíduo, desenham-se novos direitos de grupos humanos, povos e nações (pag.37).
A quem pretenda fazer um exame despreconceituoso do desenvolvimento dos direitos humanos depois da Segunda Guerra, aconselharia este salutar exercício: ler a Declaração Universal e depois olhar em torno de si. Será obrigado a reconhecer que, apesar das antecipações iluminadas dos filósofos, das corajosas formulações dos juristas, dos esforços dos políticos de boa vontade, o caminho a percorrer é ainda longo. E ele terá a impressão de que a história humana, embora velha de milênios, quando comparada às enormes tarefas que estão diante e nós, talvez tenha apenas começado (pags. 45 e 46).


A Era dos Direitos - Norberto Bobbio


domingo, 17 de maio de 2009

Se as minhas mãos pudessem desfolhar

Eu pronuncio teu nome
nas noites escuras,
quando vêm os astros
beber na lua
e dormem nas ramagens
das frondes ocultas.
E eu me sinto oco
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.
Eu pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolente que a mansa chuva.

Amar-te-ei como então
alguma vez? Que culpa
tem meu coração?
Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranqüila e pura?
Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!!

Federico Garcia Lorca

terça-feira, 12 de maio de 2009

Cantai



Ó vós, que guardais no seio
Com tanto amor e carinho,
- Com o mesmo doce receio
De um’ave que guarda o ninho:

As ilusões mais douradas
Que um’alma de moça encerra: -
Cantai as crenças nevadas
Que divinizam a terra;

Cantai a meiga harmonia
Das esperanças em flor,
Cantai a vida, a alegria,
Na lira santa do amor.

Cantai a vida, a alegria,
- Dizei-o nos vossos cantos -
É uma aurora querida
Que desabrocha sem prantos.

Expatriai a saudade,
- O espinho do coração -
Cantai a felicidade
De uma existência em botão.

É para vós a ventura,
A glória que o mundo tem...
Que vos importa a amargura
De um’alma que chora além?

Eu também irei cantando,
Como vós, meus pensamentos,
Vivendo sempre sonhando
Sem dores e sem tormentos.

E, já que não tenho amores,
E nem embalo esperanças...
Canto o perfume das flores,
Canto o riso das crianças.


Auta de Souza

domingo, 10 de maio de 2009

Um presente especial

Se eu pudesse...
Se eu pudesse deixar algum presente a você...
Deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos.
A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo a fora.
Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem.
Deixaria a capacidade de escolher novos rumos.
Deixaria para você se pudesse, o respeito àquilo que é indispensável:
Além do pão, o trabalho.
Além do trabalho, a ação.
E, quando tudo mais faltasse, um segredo:o de buscar no interior de si mesmo
A resposta e a força para encontrar a saída.

Mahatma Gandhi

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O Bicho

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.

Manuel Bandeira


Eu gostaria de fazer um apelo a todos que visitam este blog. Diariamente vejo cenas como esta e fico a me perguntar até quando pessoas irão sofrer desta forma. Tento fazer a minha parte, mas como diz o povo, uma andorinha só não faz verão. O que precisa ser feito por nós, pela sociedade e pelas autoridades para que estes quadros tristes acabem? Fico impressionada com a frieza de pessoas que não são capazes de estender a mão, praticar a caridade material e nem mesmo a moral, com um sorriso, uma conversa, uma prece. Passam e olham estes quadros como se fossem normais, naturais, como se o problema não fosse deles. Muitos até ficam com medo e eu até entendo tal posicionamento, porque muitos, não tendo o necessário para sobreviver, acabam dementes pela falta de vitaminas necessárias, capazes de qualquer ato criminoso. Muitos pedem esmola para se embriagar, é verdade, mas existem os que lutam para não morrer de fome revirando o lixo dos restaurantes para aproveitar as sobras, pessoas que são decentes. Muitos restaurantes não podem doar a comida em bom estado que sobra pois correm o risco de serem multados. Eu gostaria que cada um, dentro de suas possibilidades, pudesse estender a corrente do bem. Seja com um copo de café, uma doação de alimentos, uma conversa, um agasalho. Você vai perceber o quanto isso vai lhe fazer bem espiritualmente; vc vai aprender a dar valor a sua vida, a sua família, ao que tem, mesmo que seja pouco. Mas não faça julgamentos precipitados e generalizados. Nem todos são violentos ou agressivos, criminosos ou imorais. Muitos reviram lixeiras para levar alimentos para suas famílias, expostas ao frio e à fome, com crianças que não tem o que comer e que não terão nem mesmo a oportunidade de aprender a ler. Com certeza, é uma expiação muito grande e o que pudermos fazer para auxiliá-los, será muito bom. Vamos cobrar das autoridades; vamos pensar em quem vamos votar com consciência, para que políticas públicas decentes sejam implementadas em prol dos menos favorecidos; vamos fazer a nossa parte; vamos colaborar com as instituições que trabalham com este grupo de pessoas. Vamos refletir sobre isto. Obrigada.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Tempo Perdido

Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...
Todos os dias
Antes de dormir
Lembro e esqueço
Como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder...
Nosso suor sagrado
É bem mais belo
Que esse sangue amargo
E tão sério
E Selvagem! Selvagem!
Selvagem!...
Veja o sol
Dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega
É da cor dos teus olhos
Castanhos...
Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos
Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo...
Não tenho medo do escuro
Mas deixe as luzes
Acesas agora
O que foi escondido
É o que se escondeu
E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido
Somos tão jovens...
Tão Jovens! Tão Jovens!...

Legião Urbana

http://www.youtube.com/watch?v=9cArxGv_m8k

terça-feira, 5 de maio de 2009

A águia e a galinha


Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros. Depois de 5 anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista.
Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista: - Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia.
- De fato - disse o camponês. É águia. Mas eu criei como galinha. Ela não é mais águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de envergadura.
- Não - retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.
- Não, não - insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.
Então decidiram fazer uma prova.
O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:
- Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra as asas e voe!
A águia ficou sentada sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas.
- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
- Não - tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no telhado da casa. Sussurrou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!
Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas. O camponês sorriu e voltou à casa:
- Eu lhe havia dito, ela virou galinha!
- Não - respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas.O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe :
- Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!A águia olhou ao redor . Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte. Neste momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico KauKau das águias e ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez para mais alto. Voou...voou... até confundir-se com o azul do firmamento...

Do livro "O Despertar da Águia", de Leonardo Boff

A love song

Reject me not if I should say to you
I do forget the sounding of your voice,
I do forget your eyes that searching through
The mists perceive our marriage, and rejoice.
Yet, when the apple-blossom opens wide
Under the pallid moonlight's fingering,
I see your blanched face at my breast, and hide
My eyes from diligent work, malingering.
Ah, then, upon my bedroom I do draw
The blind to hide the garden, where the moon
Enjoys the open blossoms as they straw
Their beauty for his taking, boon for boon.
And I do lift my aching arms to you,
And I do lift my anguished, avid breast,
And I do weep for very pain of you,
And fling myself at the doors of sleep, for rest.
And I do toss through the troubled night for you,
Dreaming your yielded mouth is given to mine,
Feeling your strong breast carry me on into
The peace where sleep is stronger even than wine.

D. H. Lawrence

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Exploração do trabalho infantil


Texto para reflexão:

O trabalho infantil é proibido por lei para menores de 14 anos, essa idade pode ser como aprendiz e a partir dos 16 como empregado. Essa lei não é seguida em muitos lugares, já que é visível a exploração do trabalho infantil, falta fiscalização.
Crianças que auxiliam seus pais a fim de aumentar a renda de sua família, outras que são exploradas sexualmente, meninas que trabalham como domésticas na classe média alta. As ruas são tomadas de menores vendendo bala, vendendo jornal no semáforo e muitas apanham senão voltarem com dinheiro para casa. Mas qual é a causa de tudo isso? A miséria amedronta, chegar em casa e não ter o que colocar no prato, ver o filho passar frio, fome.
A falta de oportunidade de trabalho, a renda baixíssima dos pais, a não-alfabetização, também são fatores que contribuem para a pobreza. Muito se diz que lugar de criança é na escola, mas a realidade das famílias carentes nos é obscuro, e o que fazemos para ajudar? Apenas criticamos ou temos o sentimento de piedade? É pouco, podemos mais, muito mais. Há medo, dor, sofrimento, no coração desses menores que trabalham, e culpa em pais que não encontram alternativas melhores de sobrevivência, e falta de caráter daqueles que exploram esses menores.
A ausência escolar prejudica o presente e futuro de uma criança. Tem muito menos chance de alcançar um emprego melhor, não conhece sua infância e cresce muitas vezes com angústia, dor, raiva, senão dos pais, talvez da sociedade. Pode tornar-se um criminoso ou prostituta? Talvez, porém, hoje notamos que os movimentos, as denúncias, aumentam a cada dia contra a exploração do trabalho infantil.
Michelle Marques de Mello - Jornalista

12 DE JUNHO - DIA MUNDIAL DA ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL