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sexta-feira, 8 de maio de 2009

O Bicho

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.

Manuel Bandeira


Eu gostaria de fazer um apelo a todos que visitam este blog. Diariamente vejo cenas como esta e fico a me perguntar até quando pessoas irão sofrer desta forma. Tento fazer a minha parte, mas como diz o povo, uma andorinha só não faz verão. O que precisa ser feito por nós, pela sociedade e pelas autoridades para que estes quadros tristes acabem? Fico impressionada com a frieza de pessoas que não são capazes de estender a mão, praticar a caridade material e nem mesmo a moral, com um sorriso, uma conversa, uma prece. Passam e olham estes quadros como se fossem normais, naturais, como se o problema não fosse deles. Muitos até ficam com medo e eu até entendo tal posicionamento, porque muitos, não tendo o necessário para sobreviver, acabam dementes pela falta de vitaminas necessárias, capazes de qualquer ato criminoso. Muitos pedem esmola para se embriagar, é verdade, mas existem os que lutam para não morrer de fome revirando o lixo dos restaurantes para aproveitar as sobras, pessoas que são decentes. Muitos restaurantes não podem doar a comida em bom estado que sobra pois correm o risco de serem multados. Eu gostaria que cada um, dentro de suas possibilidades, pudesse estender a corrente do bem. Seja com um copo de café, uma doação de alimentos, uma conversa, um agasalho. Você vai perceber o quanto isso vai lhe fazer bem espiritualmente; vc vai aprender a dar valor a sua vida, a sua família, ao que tem, mesmo que seja pouco. Mas não faça julgamentos precipitados e generalizados. Nem todos são violentos ou agressivos, criminosos ou imorais. Muitos reviram lixeiras para levar alimentos para suas famílias, expostas ao frio e à fome, com crianças que não tem o que comer e que não terão nem mesmo a oportunidade de aprender a ler. Com certeza, é uma expiação muito grande e o que pudermos fazer para auxiliá-los, será muito bom. Vamos cobrar das autoridades; vamos pensar em quem vamos votar com consciência, para que políticas públicas decentes sejam implementadas em prol dos menos favorecidos; vamos fazer a nossa parte; vamos colaborar com as instituições que trabalham com este grupo de pessoas. Vamos refletir sobre isto. Obrigada.